Na sexta-feira (6), a história de um agente de talentos de São Paulo viralizou no Twitter. Bruno de Paula, de 36 anos, narrou na sua conta @MrVanDep, no Twitter, como a sua vida virou um pesadelo após o furto do seu celular e como, em poucos dias, ele se viu diante de um prejuízo de mais de R$ 140 mil.
De Paula conta que, após três semanas de férias em Barcelona, na Espanha, voltou para casa mas, ainda no trajeto do aeroporto até a residência, seu celular foi furtado. O táxi que o levava estava parado em um semáforo e ladrão aproveitou o momento para enfiar a mão pela janela e levar o aparelho. “Foi horrível, mas é só um celular. Depois compro outro”, escreveu. Segundos depois, ele percebeu o problema: o aparelho estava desbloqueado.
“Ninguém sabe minhas senhas e nunca anotei. Minhas contas no Banco do Brasil e Nubank são com reconhecimento facial, não tem como entrar”, contou. Mas ao chegar em casa e pegar um celular velho que tinha, só para checar, entrou na sua conta de e-mail e se deparou com um prejuízo de R$ 27 mil.
Diante da fraude, o agente entrou em contato com a Claro, sua operadora de celular, para bloquear o número, e com os bancos nos quais tinha conta – o passo a passo recomendado pelos órgãos de segurança. Foi dormir imaginando que seu prejuízo seria grande, mas havia parado por ali. Quando acordou no dia seguinte, o pesadelo aumentou.
As fraudes nos bancos também chegaram ao MercadopPago, PagSeguro e até iFood, que recebeu, dos fraudadores, sete pedidos de garrafas de whisky Buchanans, 12 anos, ao custo de R$ 329 cada.
O final da história foi feliz: depois de a situação “viralizar”, com mais de 200 mil interações, as empresas envolvidas entraram em contato com o consumidor e se comprometeram a realizar estorno de todas as transações. A história, contudo, gerou muitos comentários de clientes que passam pela mesma situação.
Aumento de ocorrências
Histórias como a do agente de talentos são cada vez mais frequente. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, as ocorrências de roubos de celulares já atingiram níveis iguais, ou superiores, aos atingidos antes da pandemia. Só em janeiro de 2022, por exemplo, foram 12.654 boletins de ocorrência de roubos de celulares, contra 10.021 registrados em janeiro de 2020. Os furtos, quando não há emprego de violência, também cresceram.
Somente nos dois primeiros meses do ano, 689 aparelhos celulares foram roubados por dia. Mas o que poderia ser a perda de um objeto de trabalho e gerar um incômodo para reencontrar os contatos, pode ir muito além disso.
Bruno resumiu em um tuíte como se sentiu do momento do furto até a resolução final: “a pior semana da minha vida. Não é só sobre a grana, é o desespero, o medo, o trauma. Toda vez que chega e-mail, acho que tão tentando invadir. Acordo de hora em hora pra olhar. Não tenho paz, não estou comendo nem dormindo. Só quero que acabe”, escreveu.
O que fazer se seu celular for roubado?
A Federação Brasileira dos Bancos, Febraban, sugere aos consumidores que após um roubo ou furto de aparelho, busquem um computador ou outro aparelho o mais rápido possível para apagar o dispositivo.
No caso de aparelhos com sistema operacional Android, é preciso acessar android.com/find, inserir login e senha e clicar em “apagar dispositivo”.
Para quem tem iPhone, que funciona com o sistema IOS, é preciso acessar icloud.com, inserir login e senha, localizar iphone e clicar em “apagar dispositivo”.
O passo seguinte é mudar a senha da conta associada ao celular, para evitar o acesso indevido à informações sensíveis e realizar o bloqueio da linha telefônica e do IMEI, International Mobile Equipment Identity, a identificação internacional do equipamento. Esse número formado por quatro grupos de números equivale ao chassi de um carro. Para descobrir o seu IMEI disque no celular *#06#. Anote o número em um papel ou dispositivo e o deixe em local seguro.
O passo seguinte deve ser entrar em contato com os canais de atendimento de seu banco para informar o roubo e efetuar o bloqueio de todas as suas contas e cartões.
Também é importante realizar o bloqueio da linha, para evitar que ela seja utilizada para outras fraudes. Para isso, o consumidor pode realizar o bloqueio do chip pela internet
Além disso, é essencial fazer um boletim de ocorrência. Em São Paulo, casos de furto (sem violência) podem ser registrados pela internet, neste link.
Para fazer um acompanhamento de suas finanças, os consumidores podem, ainda, acessar o Registrato, um serviço gratuito do Banco Central que permite monitorar as contas vinculadas ao seu CPF e contém a lista de dívidas em seu nome perante as instituições financeiras.
Se, mesmo assim, fraudes acontecerem, os consumidores devem partir para reclamações formais nas próprias instituições financeiras, pela agência, SAC ou ouvidoria, pelo site consumidor.gov.br ou pelo Banco Central. Neste último caso, as instituições financeiras têm até 10 dias úteis para responder aos cidadãos com cópia para o BC.
O BC mantém um ranking atualizado trimestralmente de reclamações aberto para o público e lista, por exemplo, os Top 15 bancos, financeiras e instituições de pagamentos com mais reclamações. No dado mais recente, do último trimestre de 2021, por exemplo, as instituições financeiras C6, BMG e BTG Pactual ocupavam as três primeiras posições.
Consumidores que se sentirem lesados por outras plataformas e serviços também podem buscar o Procon e sites de relacionamento com clientes, como o Reclame Aqui.
Como deixar seu aparelho mais seguro agora?
Bloqueie o chip
Para adicionar uma camada extra de segurança ao seu aparelho, descubra e ative o seu PIN. O PIN é um daqueles códigos que acompanha chip e ajuda a manter o aparelho seguro. É um acrônimo para Personal Identification Number (ou número de identificação pessoal, em uma tradução livre).
Esse código vem, normalmente, impresso no cartão de onde o chip é destacado e funciona como uma senha pessoal que pode bloquear ou desbloquear o chip. Dessa forma, toda vez que o usuário trocar o chip de aparelho, terá que digitar o código de segurança.
Após três tentativas erradas, o chip é bloqueado e só pode ser recuperado pode meio de outra senha: a PUK ou PIN Unlock Key (chave de desbloqueio do PIN, em tradução livre). Este, por sua vez, se tiver 10 tentativas erradas seguidas, bloqueará, definitivamente e inviabilizará aquele chip.
Cada operadora usa um número de PIN padrão, por isso, é interessante que os consumidores troquem a informação para algo personalizado. É possível fazer essa alteração pelo próprio aparelho.
Sistema operacional atualizado
Além de proteger seu chip, mantenha o sistema operacional do seu telefone e os apps de bancos atualizados. Também evite anotar as senhas, não mantenha fotos de seus documentos no aparelho ou na nuvem e, sempre que possível, use autenticação de dois fatores no seu aparelho.
Configurações do aparelho
A maioria dos smartphones permite um ajuste que bloqueia a tela do celular após alguns segundos sem que ele seja utilizado. Ajuste para o tempo mínimo permitido pelo sistema.
Também é possível restringir o uso do aparelho, colocando aplicativos de bancos ou serviços financeiros em pastas protegidas por senha.
Texto original: InfoMoney